quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Revolução Francesa

A sociedade francesa do século XVIII era estratificada e hierarquizada.
No topo da pirâmide social, estava o clero que tinha o privilégio de não pagar impostos.
Abaixo do clero, estava a nobreza formada pelo rei, sua família, condes, duques, marqueses e outros nobres que viviam de banquetes e muito luxo na corte.
A base da sociedade era formada pelo terceiro estado (trabalhadores, camponeses e burguesia) que sustentava toda a sociedade com seu trabalho e com o pagamento de altos impostos.
A França era um país absolutista nesta época. O rei governava com poderes absolutos, controlando a economia, a justiça, a política e até mesmo a religião dos súditos.
Os oposicionistas eram presos na Bastilha (prisão política da monarquia) ou condenados à guilhotina.

Inicio da Revolução

O Terceiro Estado exigiu que as reuniões fossem conjuntas e não separadamente por Estados.
Diante da negação, o Terceiro Estado proclama-se em Assembléia Geral Nacional.
O Rei, desesperado diante do atrevimento dos representantes populares, manda fechar a sala de reuniões.
Mas o Terceiro Estado não se da por vencido e seus deputados se dirigem para um salão que a nobreza utilizava para jogos.
Lá mesmo fizeram uma reunião, onde ficou estabelecido que permaneceriam reunidos até que a França tivesse uma Constituição.
Esse ato ficou conhecido com o nome de O Juramento do Jogo de Pela.
No dia 9 de julho de 1789, reúne-se uma Assembléia Nacional Constituinte, incumbida de elaborar uma Constituição para a França.
A burguesia francesa, por sua vez, apelou para o povo. No dia 14 de julho de 1789, toda a população parisiense avança, num movimento nunca visto, para a Bastilha, a prisão política da época, onde o responsável pela prisão foi preso e enforcado.
A burguesia, preocupada em estabelecer as bases teóricas de sua revolução, fez aprovar, no dia 26 de agosto do mesmo ano, um documento que se tornou mundialmente famoso: A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

O Processo Revolucionário


1º fase - Assembléia Nacional Constituinte

Um dos atos mais importantes da Assembléia foi o confisco dos bens do clero francês, que seriam usados como uma espécie de lastro para os bônus emitidos para superar a crise financeira.
A situação estava muito confusa. A Assembléia não conseguia manter a disciplina e controlar o caos econômico.
O Rei entra em contato com os emigrados no exterior (principalmente na Prússia e na Áustria) e começam a conspirar para invadir a França, derrubar o governo revolucionário e restaurar o absolutismo.
A partir daí uma grande agitação tem início, pois seria votada e aprovada a Constituição de 1791.
Esta constituição estabelecia, na França, a Monarquia Parlamentar, ou seja, o Rei ficaria limitado pela atuação do poder legislativo (Parlamento).
Os setores populares estavam descontentes, porque continuavam ainda sob o despotismo, não o da monarquia absoluta mas o despotismo dos homens do dinheiro, setores tradicionais da nobreza e do clero conspiravam, com a anuência do Rei, para tentar restaurar o antigo regime. 
No recinto da Assembléia, sentava-se à esquerda o partido liderado por Robespierre, que se aproximava do povo: eram os Jacobinos ou Montanheses (assim chamados por se sentarem nas partes mais altas da Assembléia).
No centro, sentavam-se os constitucionalistas, defensores da alta burguesia e a nobreza liberal, grupo que mais tarde ficará conhecido pelo nome de planície.
À direita, ficava um grupo que mais tarde ficará conhecido como Girondinos, defensores dos interesses da burguesia francesa e que temiam a radicalização da revolução.


2º fase - Assembléia Legislativa

A Assembléia Legislativa francesa exigiu da Áustria e da Prússia um compromisso de não invasão e, como não foi atendida pelas monarquias absolutas, declarou guerra a 20 de abril de 1792.
Luís XVI exultava, pois esperava que os exércitos franceses fossem derrotados para que ele pudesse voltar ao poder como Rei absoluto.
A atuação dos exércitos franceses foi um fracasso no campo de batalha.
Na Assembléia, Robespierre denuncia a traição do Rei e dos generais ligados a ele, que também estavam interessados na derrota da França Revolucionaria.
Nas ruas de Paris e das grandes cidades, os sans culottes (maneira como os pobres das cidades se identificavam) se agitavam pedindo a prisão dos responsáveis pelas derrotas da França diante dos exércitos austríacos e prussianos.


3º fase - A Convenção Nacional

A 2 de setembro, pela manha, chegou a Paris a notícia de que Verdun estava sitiada; Verdun, a última fortaleza entre Paris e a fronteira. Imediatamente, foi lançada uma proclamação aos cidadãos: "À s armas cidadãos, às armas! O inimigo está às portas !" Vários prisioneiros, suspeitos de ligação com o antigo regime, foram massacrados pela população.
No dia 20 de setembro de 1792, chegou a Paris a notícia da esmagadora vitória dos exércitos franceses sobre os exércitos prussianos e, no mesmo dia. foi oficializada a proclamação da República, a primeira da França. Agora, o órgão que governará a França será a Convenção eleita por voto universal.
O novo governo revolucionário francês fez reformas de vários níveis, mas todas elas extremamente moderadas, de tal forma que não questionassem o poder dos girondinos.
Entretanto, os girondinos no poder viam na guerra uma forma de aumentarem suas fortunas e, por isso, quanto mais altos os preços dos produtos (alimentos, roupas), melhor para eles.
Os sans culottes, nas ruas de Paris, exigiam reformas, controle dos preços, mercadorias baratas, salários altos, e os girondinos exigiam exatamente o contrário.
A agitação aumenta, os girondinos ficam cada vez mais temerosos diante das manifestações dos sans culottes.
Entre maio e junho de 1793, o povo se levanta em Paris, cerca o prédio da Convenção e exige a prisão dos Deputados traidores, isto é, dos girondinos. Os jacobinos (montanheses) aproveitaram as manifestações de apoio dos sans culottes e depuseram os girondinos, instaurando um novo governo.

A fase do terror - a ditadura dos jacobinos

No dia 13 de julho de 1793, o ídolo popular Marat é assassinado por uma mulher membro do partido girondino. A partir daí a população exige a radicalização da revolução.
Inicia-se o terror: todos os elementos suspeitos de ligações com os girondinos e com a aristocracia contra-revolucionária são massacrados ou executados nas guilhotinas, depois de julgamentos populares.
Robespierre tenta, com alguma habilidade inicial, manter-se no centro para governar.
Aos poucos começa a atacar seus aliados da esquerda: foram presos e executados elementos como Hebert e Jacques Roux. Com a liqüidação dos elementos de extrema esquerda, Robespierre não pode contar com um apoio seguro dos sans culottes.
Robespierre, durante a ditadura dos jacobinos, consegue uma série de êxitos: liqüida a contra-revolução da Vendeia e obtém várias vitórias contra os inimigos externos da revolução (entre esses inimigos, contava-se não só a Prússia e a Áustria, mas também a poderosa Inglaterra); acelera os processos do segundo terror, que executa, na guilhotina, vários contra-revolucionários.

A reação Termidoriana: o golpe do 9 do Termidor

No dia 27 de julho de 1794 (9 do Termidor, pelo novo calendário revolucionário), ao iniciar-se mais uma reunião da Convenção, Robespierre e seus partidários foram impedidos de falar, e contra eles foi imediatamente decretada a prisão.
Seus partidários ainda fizeram uma desesperada tentativa de salvá-los, conclamando os sans culottes para se manifestarem publicamente e pegarem em armas contra o golpe de Estado que estava sendo dado.
Mas poucos atenderam aos seus apelos.
O partido da planície liderava o golpe.
A alta burguesia, que havia suportado o domínio do governo jacobino, de tendência popular, queria agora se libertar e acabar de uma vez por todas com ele, para estabelecer um governo dos ricos.

O novo governo apressa-se em tomar uma série de medidas para salvaguardar seus interesses: restaura a escravidão nas colônias (havia sido abolida anteriormente), acaba com a Lei do Máximo, que regulava os preços das mercadorias,(agora, poder-se-ía vender as mercadorias a preços os mais altos possíveis), e proíbe que se cante nas ruas a Marselhesa, o hino da revolução.

4º fase - O Diretório

Em setembro de 1795, prepara-se a nova Constituição.
A Convenção Revolucionaria desaparecia e cedia lugar a um tipo de governo exercido por um Diretório, composto por cinco membros representando o poder executivo, e duas Câmaras; uma delas era o Conselho dos Anciãos, e a outra, o Conselho dos Quinhentos, ambos representando o poder legislativo.
O governo do Diretório suprimiu o voto universal, implementado pela Convenção e restabeleceu o voto censitário.
Isto significa que todos os esforços feitos pela maioria do povo francês foram aproveitados pelas novas classes ricas.

18 de Brumário - O golpe em nome da Burguesia

A situação era extremamente grave. A burguesia, em geral, apavorada com a instabilidade, esquecia seus ideais de liberdade, pregados alguns anos antes, e pensava num governo forte, numa ditadura, se fosse preciso, para restaurar a lei e a ordem, para restabelecer as condições de se ganhar dinheiro de uma forma segura.
No dia 10 de novembro de 1799 (18 de Brumário, pelo calendário revolucionário), Napoleão retorna do Egito, e, com o apoio de dois outros políticos, dissolvem o Diretório e estabelecem um governo conhecido pelo nome de O Consulado.

O governo de Napoleão Bonaparte (1799-1814)

As reformas administrativas implementadas na período napoleônico foram um dos aspectos de maior durabilidade do governo.
Medidas que foram implantadas naquele momento permanecem até os dias de hoje na administração francesa.
O remanejamento administrativo centralizou o governo sob a égide de Paris.
No aspecto político tudo levava a crer que na verdade a sociedade francesa estaria diante de uma autocracia mal disfarçada.
O Código Civil fixado em 1804 foi responsável pela fixação dos traços da moderna sociedade francesa e também servil de exemplo para diversos Estados europeus que nele se inspiraram, adotando-lhe seus princípios e reproduzindo-lhe as disposições.
A política externa de Napoleão Bonaparte foi marcada pelo fim da diplomacia tradicional fundamentada sobretudo sobre alianças dinásticas, acordos matrimoniais ou conveniência dos soberanos.
Durante o período em que esteve a frente do governo francês deparou com inúmeras guerras, que resultaram em importantes mudanças na orientação da historia contemporânea, provocando a ira e a oposição das forças conservadoras e reacionárias representadas pela Santa Aliança.
Todo esse quadro a nível interno e externo, fez surgir o mito napoleônico, o "pequeno cabo" como era denominado pelos seus aficionados, e o bonapartismo, doutrina pregada por aqueles que eram a favor do modelo imperial estabelecido por Napoleão na França.

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